segunda-feira, 20 de setembro de 2010

UMA VEZ, SEMPRE!

Hoje eu entendo, graças ao bordão do meu querido chefe e árbitro, Arnaldo César Coelho, por que optei por ser flamenguista. A REGRA É CLARA: muitas mulheres não se interessam por futebol.
Lógico que não posso generalizar, pois existem por aí umas fanáticas que choram quando o time perde, outras que compram briga quando falam mal de um jogador e até aquelas que sobem o meião e batem uma bolinha. Mas no meu meio é diferente: minhas amigas até riem de mim quando digo que vou assistir a um jogo do Flamengo. Algumas perguntam se faço isso por causa do meu namorado... e é nesse momento que eu agradeço pelo Bebeto não ter a mesma fama de antes.

Sim. As “Kaká-maníacas” que me perdoem, mas minha paixão por um jogador começou muito antes de 2001. Eu tinha quatro anos de idade quando assistia (obrigatoriamente) aos jogos do Vasco com minha babá. Apaixonada pelo Bebeto, ela dizia que não tinha time, apenas torcia pelo craque. Assim, a regra se tornava clara pela segunda vez e mostrava como as crianças são influenciadas pelos mais velhos.

Não demorou muito para que eu saísse enchendo o peito de orgulho e copiando frases da minha babá. Já me apresentava para os amiguinhos do colégio como ‘vascaína por causa do Bebeto’ e motivava alguns sorrisos adultos quando me perguntavam se eu trocaria de time caso o atacante mudasse de Clube. A resposta? Lógico que sim!

Três anos depois, meu ídolo foi jogar no Deportivo La Coruña. Sei que, de fato, já vestia outra camisa, mas sinceramente não tenho muitas lembranças dessa época. Eu era somente a garotinha que seguia o jogador.

Em 96, Bebeto jogava no Flamengo e eu já me apresentava com frases rubro negras. Aparentemente estava tudo bem e igual às outras ocasiões, a diferença só se fez presente quando o jogador largou o Clube.

Inédito! Pela primeira vez eu tentava convencer todo mundo de que havia enjoado de acompanhar um astro que mudava de time constantemente. Dizia que não era o fim da minha paixão, apenas uma escolha pessoal. Pode parecer estranho para uma garota de oito anos, mas meus argumentos eram exatamente esses.

Por fim, deixei de lado aquele fanatismo sem nexo e passei o restante dos anos gritando “Mengão”. Até que certa vez, numa tarde ensolarada de domingo, fui a um showbol em que o Bebeto estava jogando e a regra se fez clara pela terceira vez: a televisão ilude os telespectadores.

Eu estava diante do antigo colírio dos meus olhos que, atualmente definido por mim, não passava de uma pessoa baixinha e simpática. Confesso que dei risada, sozinha, durante alguns minutos e agradeci por nunca ter deixado o Flamengo.

(Dalila Lemos)

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