quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AMOR EM VERSO

Além de diplomata, jornalista, compositor e poeta, Vinicius de Moraes foi um marido nônuplo. Casou-se nove vezes nas entrelinhas de suas frases. Com certeza disse a todas esposas que amava, e amava exageradamente.

O fato é que uma só pessoa não ocupa todo o sonho de uma poesia. Somos indivíduos, estamos ligados à individualidade e ao individualismo. Somos únicos e diferentes uns dos outros. Isso significa que é possível encontrar no outro o que falta em nós mesmos, e vice-versa. E vice. E verso.

Nos complementamos em todos os sentidos. Algo como uma equipe de super-heróis, onde cada um tem um poder diferente. Heróis que sozinhos não conseguem cumprir suas missões, mas juntos se surpreendem a cada desafio.

É simples sentirmos vontade de nos esquentarmos debaixo de sol ou nos resfriarmos com a chuva. O difícil é ter ambos os desejos ao mesmo momento, pois dependeríamos da natureza e não apenas de nossas pretensões.

Assim são os relacionamentos: os anteriores diferentes dos atuais, os atuais diferentes dos posteriores. Todos exclusivos, singulares e particulares devido à individualidade que nos torna desiguais. Se percebêssemos isso, entenderíamos com mais saber por que deixamos algumas pessoas e por que outras nos deixam.

De toda essa disparidade é feito o poeta. Bastaria amar apenas uma vez ou uma só pessoa na vida, para que Vinícius de Moraes respirasse prosa ao invés de poesia. Contentaria qualquer paixão eterna ao invés da pergunta “quem pagará o enterro e as flores se eu morrer de amores?”.

(Dalila Lemos)

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