Pelos motivos acima citados, proponho uma observação: o tempo que temos não costuma ser suficiente para que possamos fazer programas agradáveis como sair com os amigos, beber alguma coisa, colocar a conversa em dia, namorar e etc. Isso acarreta em noites mal dormidas, pois precisamos roubar algumas horas de sono para que o cotidiano não seja feito apenas de compromisso.
Como se não bastasse tanta afobação, ainda corremos o risco de perder alguns momentos preciosos com pessoas macambúzias que, de uma forma ou de outra, precisam manter o contato e a comunicação. Essa parte não é apenas cansativa como um tanto quanto estressante.
Não é justo falar em pessoas macambúzias sem citar uma outra espécie que requer cuidados específicos, como a dos ‘arrimos’. Em situações como essa penso até em ligar pra tal professora de português, mas olho para o relógio e decido explicar por aqui mesmo: arrimo é uma palavra usada gentilmente para substituir outra, que seria encosto. Sendo mais específica, diria que esse tipo de pessoa, ou melhor, esse tipo de palavra, agride o vocabulário de qualquer ser humano e mostra como há iniqüidade no mundo, já que somos obrigados a perder o pouco tempo que nos resta tentando não empregar essa palavra nas frases da nossa vida.
Frases por frases, diria que todas essas já escritas foram desenvolvidas com a finalidade de mostrar que não sobra tempo para nada, nem para os santos. Tomemos um exemplo: existe o São Longuinhos - que é o responsável pelos objetos desaparecidos, o São Pedro - que é responsável pela chuva, o Santo Expedito – responsável pelas causas impossíveis e mais um acervo de santos para um cúmulo de funções. Agora uma pergunta que não quer calar: você já ouviu falar em alguma santidade responsável pelo tempo? Não existe! O tempo não foi o suficiente para essa criação ou, no mínimo, as horas foram escassas para que pudessem divulgá-lo.
E não é só com os santos. A própria natureza, apressada, foi obrigada a inventar qualquer animal ao invés de três e nomeá-lo como ornitorrinco (um mamífero, com bico de pato e pêlo). A nossa língua pátria foi forçada a substituir a expressão “vós micê” por “você”, a fim de economizar um único segundo. As pessoas foram coagidas a viver sob a citação do “não deixe para amanhã o que se pode fazer hoje”. Todos esses exemplos para ilustrar a falta de tempo habitual.
Por essas e outras (e muitas outras) que afirmo: os dias deveriam ter, no mínimo, 36 horas. Concorde quem quiser, afinal, pra mim, uma boa opinião é como tempo: pura escassez!
(Dalila Lemos)
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