quarta-feira, 15 de setembro de 2010

EM PEDAÇOS

Não me mastigue em pedaços. Meu veneno é utópico! É doce e amargo. É desvairado, enérgico, intenso.

Sou apenas uma insinuação para sonhos que me acordam, tombos que me levantam, erros que me acertam.

Não sou um corpo em carne, osso, curvas e delírios... mas um vício que corre nas veias, lento e ativo.

Passo manhãs delineando a saudade e noites contornando os sorrisos. E no extremo dos dias sinto a sensação de liberdade que discursos insignificantes não tiram de mim.

Posso substituir impaciência por distância, pessoas por coisas, sentimentos por prazeres. Não tenho compaixão com o tempo: sou infinita, ilimitada.

Transformo quem me convém em número, enquanto minha paixão é a palavra.

Gosto da complexidade só por experimento, do sabor só por acaso, do muito por pouco. O meu antídoto é a existência e meu pecado, o exagero.

(Dalila Lemos)

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