Não me mastigue em pedaços. Meu veneno é utópico! É doce e amargo. É desvairado, enérgico, intenso.
Sou apenas uma insinuação para sonhos que me acordam, tombos que me levantam, erros que me acertam.
Não sou um corpo em carne, osso, curvas e delírios... mas um vício que corre nas veias, lento e ativo.
Passo manhãs delineando a saudade e noites contornando os sorrisos. E no extremo dos dias sinto a sensação de liberdade que discursos insignificantes não tiram de mim.
Posso substituir impaciência por distância, pessoas por coisas, sentimentos por prazeres. Não tenho compaixão com o tempo: sou infinita, ilimitada.
Transformo quem me convém em número, enquanto minha paixão é a palavra.
Gosto da complexidade só por experimento, do sabor só por acaso, do muito por pouco. O meu antídoto é a existência e meu pecado, o exagero.
(Dalila Lemos)
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