
Durante algum tempo, meus olhos ficaram fechados. E passaram-se dias. As noites também passaram. Os ponteiros do relógio deram mais de 175 mil voltas, num balé alucinante e envolvente para dançar sombrio.
Até que um dia, uma notícia bateu à porta: era a vida que tinha ido embora!
Meu pai estava morto. Eu estava com a roupa mais bonita que havia no armário. O céu estava com o sol mais apaziguador e admirável do mundo. Em seu lugar ou não, tudo estava – de alguma forma, mais que qualquer outra coisa.
Dei-lhe um abraço apertado. Deitei-me por um instante em seu colo. E então, decidi abrir os olhos, pois sabia que o medo jamais me deixaria.
Os dias passaram mais claros e mais difíceis. Aprendi a viver com a companhia do medo, mas nunca abri mão de nada por causa dele. Afinal, o que é o medo se não a dúvida? E o que é a dúvida se não a vida? Tudo no mundo é tão incerto quanto um tiro no escuro!
E foi assim que há duas semanas eu me vi diante de uma escolha angustiante. Meus pés, descalços sobre algumas folhas mortas, seguiram pra casa com a reflexão de que os sonhos não são equações matemáticas (previsíveis e limitadas). São combustíveis da alma!
Quando o sino da igreja bateu dez vezes, encostei a cabeça no travesseiro e ouvi uma voz dizendo que eu estava sozinha com a minha escolha. Optei por sonhar!
Fechei os olhos porque senti medo. E, quando adormeci, sonhei sozinha um sonho meu.
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