Se por algum momento eu sentei-me numa cadeira e pedi algum tipo de opinião, agora o que peço são desculpas. Desculpas sinceras de alguém que só queria uma diretriz. Desculpas francas de quem não sabia que opiniões são mentiras: jogam-nas da boca pra fora com a intenção de te agradar, depois ridicularizam o resultado.
E como é mesmo a vida? Uma cerveja importada, talvez. Posta sob uma mesa de madeira, com duas dúzias de “amigos” em volta e um som qualquer ao fundo.
Na verdade eu nunca me importei com as escolhas de cada um. Nem se preferem dinheiro ou status, muito menos se conhecem duas ou duas mil pessoas. Nunca dei importância à música que ouvem: se é uma relíquia dos discos de vinis no gênero do rock ou um CD com as dez mais tocadas, adquirido no camelô. Eu não ligo se conhecem gente conhecida ou se apenas se relacionam com pessoas que estão a mil anos-luz da mídia.
Tudo bem que alguns gostos me incomodam, mas não chega a ser motivo de preconceito. Acho que o meu único preconceito é com o preconceito em si... Mas tem coisa que toca a minha ferida... E a arrogância é uma delas.
Ver alguém que se acha melhor que outro alguém, me incomoda realmente. Não me interessam os pontos juntados: isso não muda os acontecimentos.
Existe um ciclo tão certo quanto qualquer dúvida no mundo: um dia você nasce, outro dia qualquer você morre. E não interessa se dentre esse ciclo você foi o cara que fez e participou dos melhores eventos, que encheu sua casa de raridades compradas facilmente nas Capitais ou que se entupiu de frases machistas e cerveja pilsen.
Você pode ser quem for: negro ou branco, gordo ou magro. Pode ser um debochado, um cavalheiro, um ator, um deus contemporâneo ou um perfeito grosseirão. Não importa o seu cargo, o seu carro, a sua classe social. Nem seus livros, seus discos, seus anseios, seus amores, suas criações, suas frases originais. O ciclo vai fazer a sua parte e você vai virar comidinha de barata do mesmo jeito que eu.
A sua essência fica. Só a sua essência.
E como é mesmo o final da vida? Um pedaço do nada, um bocado de solidão.
(Dalila Lemos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário