
Nando Reis se apresentou numa boate em Volta Redonda, no sábado (dia 24). Já assisti a um show dele antes e confesso que meu entusiasmo foi maior. Pareceu que dessa vez um misto de introspecção e cansaço se propagou no ar e, a cada canção, meus pensamentos perderam-se em um único detalhe: o abraço.
Um casal se abraçou na minha frente, de um jeito diferente. Foi intenso, único, interminável. Um abraço que nunca teve nome e não passou em nenhuma novela. Foi dele e dela! Não foi de mais ninguém.
Olhei. Não fiz outra coisa! Apenas olhei. E o texto da Martha apareceu pra mim como um vulto. Afinal, dentro de um abraço* existe um mundo e dentro desse mundo nos aliviamos em meio ao paraíso: do calor, do silêncio, do presente, do amor.
Foi então que pensei que ter alguém nos braços ou estar nos braços de alguém pode significar muito mais que um gesto casual. Saudade, paixão, desejo. Medo. Quem sabe o começo... Ou o próprio fim – que sempre foi inevitável – se escondeu no abraço? Para ser mais específica: naquele, do casal em que fixei os olhos.
Nunca importou o motivo: abraço sempre confortou a alma! Os dedos que já apertaram ou acariciaram nossas costas, com certeza deixaram o mundo mais leve. E no show, durante cinco músicas seguidas, o mundo de duas pessoas se livrou de qualquer peso.
Se foi o começo, não houve pressa. Se foi o fim, não teve dor. Se foi saudade, não teve limite. Durante cinco músicas, nada esteve tão certo quanto o meu palpite: abraço é lugar de gente e muita gente se sente fora do lugar porque não tem quem lhe estenda os braços.
Gente que menospreza. Gente que age com arrogância, que é chantagista, que tem inveja. Gente que não acata escolhas, não aceita as diferenças, não respeita os sonhos. Gente intrometida, fofoqueira, hipócrita, sem educação, falsa, oportunista. Gente vangloriosa. Gente malévola. Gente que não é do bem... É tudo gente que não tem um abraço que lhe baste! Não é gente igual a gente!
(Dalila Lemos)
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