1: Passarinho na gaiola. Não há nada mais agonizante que ver um bicho com asas, preso numa gaiola. Tem como piorar? Saia à rua e pergunte ao rapaz o que ele faz com a gaiola na mão. Escute-o responder que está levando o pássaro para passear. Feito isso, conteste minha pergunta.
2: Gol contra: 10 x 0 para ele! Aliás, o gol contra não representa minha morte somente, ele trucida qualquer partida de futebol. E não adianta tentar analisar a psicologia da jogada, pois para mim, é merecida uma crítica aos níveis dos xingamentos da mãe do juiz.
3: Arrogância. Palmas para a assassina em série! Ela mata minha esperança, minha criação, minha paciência e até mesmo meu entendimento sobre poucas coisas neste mundo. Eu realmente não entendo o que leva uma pessoa a se achar melhor que a outra e a empinar seu nariz. Prefiro não repetir tudo aquilo que a tia do C.A falou e, para não perder tempo explicando que vamos todos virar comidinha de barata ao morrer, escrevo a seguinte frase: “Vai uma sandália da humildade aí?”.
4: Termos em inglês. Oh, my God! Eles assassinam o encanto da minha língua pátria. É difícil, confesso, preocupar-me absurdamente com a escrita e com o dicionário, para depois perceber que meu feeling está em out. Às vezes tento transformar pontos negativos em positivos, mas nunca entendo por que é necessário avaliar o feedback em vez de o retorno. Quando percebo, meu approach é outro: já troquei correspondências por mailings, recados por scraps e cafezinho por coffee break.
5: Uma bola de sorvete, pela análise da Danuza Leão. Eu não gosto de sentir vontade de saborear um litro de sorvete e descontar minha pretensão em exercícios aeróbicos. Como a própria autora disse, o sorvete é apenas um exemplo. Eu não gosto de trocar beijos por abraços, simplicidade por dinheiro, sonhos por capítulos de novela. Não gosto de trocar segredos por manchetes de jornal nem o vento pelo ar condicionado. Transformar o cotidiano em desejos (opcionalmente) insaciáveis é a morte mais dolorida para mim.
(Dalila Lemos)