quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

NADA NÃO PESSOAL

Hoje não vou falar sobre política nem sobre sexo, drogas e rock’n roll. Também vou abster informações sobre o furacão Sandy, pois não concordo com o fato de um fenômeno natural ter o mesmo nome que a minha cabeçudinha preferida. Sem mais, prossigo.

Algo me incomoda. Talvez a realidade de significados extras, cujos quais eu não encontro no dicionário. Minha irmã significa benção, no sentido mais figurado de todos. E no maldito dicionário, está apenas escrito que ela nasceu do mesmo pai e da mesma mãe que eu. Saco!

Hoje ela veio falar comigo na internet.

“ – Oi, Dalis. Tudo bem?”

Sou a rainha das análises comportamentais. Se estivesse brava, me chamaria de Dalila Lemos. Se estivesse com saudade, escreveria “rrrrrr” (significa irmã, em irmanês). Mas, poxa, ela disse Dalis. Logo entendi e disse:

“ – Pede.”

Ela veio com um papo clássico que se resume em alterações para algumas artes que criei para meu sobrinho. Sempre faz isso: pede uma coisa qualquer e depois muda de ideia. Pede pra trocar uma cor aqui, um desenho ali, deletar tudo, começar de novo....

Em agosto foi essa mesma história. Me pediu uns convites para a festa de aniversário do meu sobrinho, que seria dos Smurfs. Fiz o convite com dedicação total, estilo slogan de uma rede do varejo. Aí, ela teve a brilhante ideia de... MUDAR DE IDEIA! Decidiu colocar mudinhas de trevo no saquinho de surpresa, para os convidados plantarem em casa. Óbvio que sobrou pra mim. Mudei a arte do convite mais de seis vezes. No final das contas, tive vontade de me fantasiar de smurfete e anunciar suicídio.

O mês de outubro trouxe mais mudanças. Fui intimada a criar quatro imagens para emoldurar e pendurar no quarto do moleque. Uma das imagens tinha um fundo formado por nada mais e nada menos que 657 estrelinhas brancas. É isso mesmo! Eu disse SEISCENTAS E CINQUENTA E SETE ESTRELINHAS brancas, cujas quais eu desenhei (uma por uma).

E não para por aí! Teve uma arte formada pela sobreposição de números coloridos, com fonte exótica que eu tive que me virar pra encontrar só porque ela queria igual a um quadrinho que viu. Fiz três versões para esse quadro e ela ainda arriscou o pedido de mais uma.

Teve, ainda, o quadro “Petit Prince” que quase me causou uma síncope. Tive que vetorizar uma coroa de príncipe e procurar fonte artística. Enviei para aprovação, mas a queridíssima não gostou da cor. Fiz cinco versões com cores diferentes e ela se identificou com a versão mais apagada.

A única arte que a BENÇÃO DA MINHA IRMÃ aprovou logo de cara, foi uma com o trecho da música “O Barquinho” e a ilustração. Nesse dia, choveu tão forte que a luz acabou no local onde trabalho.

Retorno ao MSN:

“- Dalis, desisti do quadro das estrelinhas. Quero um parecido com o que está nesse link. Você consegue fazer?”

Abri o link. Olhei a imagem. Horrorosa! Cafona! Desnecessária!

“ – Tem certeza que você gostou disso?”

“ –Tenho. Você não, né? Acha que consegue fazer pra mim?”

“ – Vou tentar, mas não garanto. Você é muito confusa, tem que se tratar.”

“ – Só não sou pior que você.”

“ – Pelo menos eu não uso minha confusão para te pedir nada. Enfim. Me manda um e-mail com a foto do quartinho que você falou. Vou ver se eu faço”

“ – Não precisa mais. (Com deboche) Esqueci que você é a DONA DA BOA VONTADE. Vou sair. Beijos”

... E saiu. Então cheguei à conclusão de que pessoas de Áries são estranhas e sempre pensam que estão certas. Quando falta argumento, elas se despedem apenas para levar vantagem sobre a gente.

A história acabou e eu fiquei com fama de quem não tem boa vontade. Talvez eu precise melhorar. Será que o primeiro passo é dobrar o número de estrelinhas brancas? Estou indignada!

(Dalila Lemos)

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