Às vezes esqueço. Compromissos, letras de música, momentos passados, textos... Esqueço-me! Vida agitada dá nisso: a gente fica sem lembrar o tom do último tonalizante que coloriu as madeixas desbotadas, deixa passar o aniversário da amiga, perde a noção de como está grande o afilhado. Esquece quando é dia de lua cheia, quando é dia de ir ao médico ou qualquer outra das centenas de datas comemorativas.
Correria é sinônimo de esquecimentos absurdos. Já perdi as
chaves e encontrei-as na geladeira, próximas ao requeijão, no compartimento de
frios. Que hilário! Perdi também alguns trocados e encontrei-os dentro de um
par de meias, naqueles rolinhos que muita gente tem mania de fazer. Um
verdadeiro absurdo!
Celular já ficou no banheiro. Já achei CD na maleta de
maquiagem, vesti blusa ao contrário, coloquei cadarços diferentes em tênis
iguais e brincos de pares trocados nas orelhas. Se bobear, já até bebi uma
cerveja de uma marca pensando que era de outra.
Correria é sinônimo de perda. Perda de tempo pra mim. Tempo
para me dar o luxo de não ter que correr para pegar o ônibus, tempo para tomar
o café da manhã sentada, para dormir as oito horas tão exigidas pelo próprio
organismo e para assistir ao meu DVD favorito...
Mas sabe de uma coisa? Tempo pra mim eu não ligo de perder. O
que me dói é perder pessoas que amo por não ter tempo de perceber que elas
estão indo embora.
(Dalila Lemos)
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