segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TEMPO E PERDA



Às vezes esqueço. Compromissos, letras de música, momentos passados, textos... Esqueço-me! Vida agitada dá nisso: a gente fica sem lembrar o tom do último tonalizante que coloriu as madeixas desbotadas, deixa passar o aniversário da amiga, perde a noção de como está grande o afilhado. Esquece quando é dia de lua cheia, quando é dia de ir ao médico ou qualquer outra das centenas de datas comemorativas. 


Correria é sinônimo de esquecimentos absurdos. Já perdi as chaves e encontrei-as na geladeira, próximas ao requeijão, no compartimento de frios. Que hilário! Perdi também alguns trocados e encontrei-os dentro de um par de meias, naqueles rolinhos que muita gente tem mania de fazer. Um verdadeiro absurdo!

Celular já ficou no banheiro. Já achei CD na maleta de maquiagem, vesti blusa ao contrário, coloquei cadarços diferentes em tênis iguais e brincos de pares trocados nas orelhas. Se bobear, já até bebi uma cerveja de uma marca pensando que era de outra.

Correria é sinônimo de perda. Perda de tempo pra mim. Tempo para me dar o luxo de não ter que correr para pegar o ônibus, tempo para tomar o café da manhã sentada, para dormir as oito horas tão exigidas pelo próprio organismo e para assistir ao meu DVD favorito... 

Mas sabe de uma coisa? Tempo pra mim eu não ligo de perder. O que me dói é perder pessoas que amo por não ter tempo de perceber que elas estão indo embora.

(Dalila Lemos)

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