Não
é simplesmente dizer que sou a favor do aborto. Ainda que eu não tenha coragem
nem vontade de faze-lo, considero menos agressivo que o abandono.
Vida sem carinho é vida jogada no lixo. É pra lá que
eles vão, é isso que eles podem se tornar quando uma gravidez indesejada não é
interrompida. Lixo! Resíduo de esperança no cérebro, destroços de futuro,
restos da essência de existir.
É estranho falar a respeito, pois ter a mente aberta
não significa tornar-se insensível. E é difícil ser a favor de um gesto tão
cruel e assustador. Não digo desumano, pois é humano a partir do momento em que
destrói a própria natureza e o próprio ciclo... Mas trata-se de um gesto que
limita a opinião até dos estudiosos e especialistas.
Por trás de todo o processo que engloba os verbos
ENGRAVIDAR, DECIDIR e INTERROMPER existe aquela velha questão mal discutida
pelos governantes: a educação. O mesmo acontece com os verbos NECESSITAR e
ROUBAR, MATAR ou MORRER, PROSTITUIR e GANHAR.
Educação é a chave que poderia abrir portas para caminhos
não explorados... Caminhos que não fazem parte das propostas políticas que
assistimos na televisão, dos dados orgulhosamente impressos nos outdoors ou dos
jingles propagados a mil decibéis.
É uma tarefa complexa expor a idéia de que instrução
é o braço direito da mudança, embora seja verdade. Povo instruído é povo que
sabe como cuidar mais da saúde e, com isso, diminui o quadro de enfermidades.
Povo que tem educação é povo que aprende outras formas de ganhar dinheiro e
descarta a possibilidade de vender o corpo para se sustentar. Instrução pode
fazer com que a morte escolha a vida, o mal escolha o bem, a escuridão escolha
a luz.
E, depois de tudo, o que dizer em relação ao aborto?
Não sou contra ele, mas sou muito mais a favor do preservativo que a população
deixa de usar por falta de instrução.
(Dalila Lemos)
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