segunda-feira, 17 de setembro de 2012

TERRA E ASFALTO




Um fim de semana é pouco. Sábado e domingo poderiam durar mais tempo, visto que a vida no campo passa rápido demais. Só a sensação agradável de respirar um ar puro já consome boa parte do dia... E ainda tem ponteiro de relógio pra provar que vinte e quatro horas não duram nada quando o céu está todo estrelado.

Vida no campo é vida que vale a pena! Ninguém acorda com buzina de caminhão, com propaganda política nem ronco de moto. O funk passa longe, o celular não toca e o único barulho que se escuta à noite é do vento batendo nas árvores ou das gotas de chuva molhando a terra.

Cheiro de café logo cedo. Comida feita no fogão à lenha. Água sem cloro, bicho sem jaula, alma sem poluição. 

Depois fica difícil: é um tal de dobrar edredom, arrumar a mochila e pegar travesseiro pra ir embora. 
É um tal de perder de vista a estrada de chão e encarar o asfalto debaixo de um céu preto. 
Pior quando chega em casa: é notícia ruim na televisão, fruta cheia de agrotóxico, gritaria nas igrejas, “tchetchererê” no carro, pedra no cachorro, panfletos no chão, briga nas ruas, sirene nas ambulâncias... Não é à toa que o estômago embrulha! Não é por falta de motivo que o sono não vem.

Entre prédios e fábricas, entre ternos e gravatas, há muita coisa pra entender. Parece que macumba compra cargo, falsidade garante emprego, dinheiro sustenta amor, interesse atrai amizade e consideração não significa nada. Vida na cidade é vida esquisita!


(Dalila Lemos)

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