Um fim de semana é
pouco. Sábado e domingo poderiam durar mais tempo, visto que a vida no campo
passa rápido demais. Só a sensação agradável de respirar um ar puro já consome
boa parte do dia... E ainda tem ponteiro de relógio pra provar que vinte e
quatro horas não duram nada quando o céu está todo estrelado.
Vida
no campo é vida que vale a pena! Ninguém acorda com buzina de caminhão, com
propaganda política nem ronco de moto. O funk passa longe, o celular não toca e
o único barulho que se escuta à noite é do vento batendo nas árvores ou das
gotas de chuva molhando a terra.
Cheiro
de café logo cedo. Comida feita no fogão à lenha. Água sem cloro, bicho sem
jaula, alma sem poluição.
Depois fica difícil: é
um tal de dobrar edredom, arrumar a mochila e pegar travesseiro pra ir embora.
É um tal de perder de vista a estrada de chão e encarar o asfalto debaixo de um
céu preto.
Pior quando chega em
casa: é notícia ruim na televisão, fruta cheia de agrotóxico, gritaria nas
igrejas, “tchetchererê” no carro, pedra no cachorro, panfletos no chão, briga
nas ruas, sirene nas ambulâncias... Não é à toa que o estômago embrulha! Não é
por falta de motivo que o sono não vem.
Entre prédios e
fábricas, entre ternos e gravatas, há muita coisa pra entender. Parece que
macumba compra cargo, falsidade garante emprego, dinheiro sustenta amor,
interesse atrai amizade e consideração não significa nada. Vida na cidade é
vida esquisita!
(Dalila Lemos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário