A questão não é ser egoísta, orgulhosa, dona da razão. Não é só isso, tem mais coisa! Não é só ser humana... é ser humana, ridícula e limitada. É atropelar o tempo, atropelar os sentimentos, atropelar as idéias, as conquistas, o espaço sideral. É pisar em castelos de areia, plantar espinhos, fazer com que o sólido entre em estado de vaporização.
A questão é ver os defeitos ao invés de cuidar das
qualidades. É não ter medo do medo que se possa ter. É buscar o que já se tem e deixar escapar o que se busca. É fazer tudo errado sempre, por mais que os conselhos existam.
A questão é mudar o cronograma, de forma banal, e se perder na ocasião. É acordar do sonho quando ainda é madrugada. É ser o braço direito do arrependimento e o lado esquerdo da razão.
A questão é perceber que já é tarde, que já não é esperado o que se espera. Sentir uma dor que eleva mil agulhadas no peito. Sentir vontade de nunca mais sair de um abraço e não encontrar uma fórmula capaz de resultar em si mesma.
(Dalila Lemos)