sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

JUSTIÇA? MOSTRA SUA CARA

Teoricamente, justiça significa princípio moral que exige conduta justa, com respeito ao direito e à equidade. Na prática, a situação pode se desviar a ângulos assustadores e fazer com que o mundo se perturbe em busca de um novo significado. Não é necessário expor mais de um acontecimento para falar em retidão, visto que a gravidade do ocorrido já cala o que deveria ser justo sem o mínimo esforço.

Atualmente foi publicada uma nota informando que o assaltante Ezequiel Toledo de Lima, após cumprir pena socioeducativa, ganhou liberdade e moradia no exterior. Só para constar, é importante ressaltar que o personagem principal dessa notícia ficou mundialmente conhecido por participar do crime que resultou na morte atroz do menino João Hélio Fernandes, de 6 anos, preso pelo cinto de segurança do carro e arrastado por sete quilômetros na Zona Norte do Rio.

Não bastasse a liberdade, Ezequiel conseguiu por meio de uma organização não-governamental embarcar com a família para um dos países mais desenvolvidos do mundo, com casa e identidade novas para reiniciar sua vida, tendo em vista as ameaças sofridas até mesmo no Instituto João Luiz Alves, na Ilha do Governador.

A polícia prendeu mais quatro assassinos. Diego Nascimento da Silva foi condenado a 44 anos de prisão. Carlos Eduardo Toledo Lima recebeu pena de 45 anos. Os demais, Tiago Abreu de Matos e Carlos Roberto da Silva tiveram reclusão de 39 anos cada um. Apenas Ezequiel, que na época do crime era menor de idade, pôde transformar seu erro em algo que muitos chamam de “sonho”.

Enquanto situações tensas como essa recheiam o país, viram capas de mídia impressas e se candidatam ao sensacionalismo, uma mãe sente a dor da indiferença sem poder ao menos recomeçar sua vida, pois o laço familiar foi desestruturado devido ao comportamento inútil de quem nunca ouviu falar em empatia, tampouco descobriu o gosto de se viver bem.

No momento em que o menino João Hélio era arrastado pelo carro, pedestres avisaram os bandidos e ouviram um deles falar “isso não é uma criança, é um boneco de Judas”. Claramente, Judas fazia um papel diferente... era um menino de seis anos, inocente, que perdeu sua vida tentando cantar para o mundo: “Brasil, mostra sua cara, quero ver quem paga pra gente ficar assim. Brasil, qual é o teu negócio? O nome do teu sócio? Confia em mim”.

Se para você isso é justiça, para mim é pura coincidência.

(Dalila Lemos)

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