O mesmo quarto. A mesma parede terracota. São duas e meia da manhã. Às vezes me pergunto há quanto tempo penso nas mesmas coisas enquanto ando pelas ruas. O caminho muda: os carros, as casas, as caras... meus pensamentos não!
Eu continuo imaginando a vida. E recomendaria um mundo mais leve, ingênuo, mais colorido. Um mundo distinto pra todos! Se possível, ainda espalharia overdoses de energia positiva, alastraria sorrisos, divulgaria a crença.
Por mim, as pessoas acreditariam menos nos outros e mais nelas mesmas, tomariam mais banhos de chuva, ouviriam mais músicas, sonhariam mais. Viver seria um excesso de coisas boas! Eu destruiria as armas e preservaria a natureza. Rasgaria o dinheiro e beberia mais água. Extinguiria a saudade. Aproximaria a distância...
Nesse futuro do pretérito, os meus delírios de ontem seriam meus desejos de amanhã. Eu escolheria ser a mesma pessoa quantas vezes fossem necessárias, simplesmente porque o gosto de viver sem saber pra onde (ou pra que) me dá água na boca. Unicamente porque sou diferente e a diferença me faz acreditar que posso pensar o que quiser.
Por fim, eu olharia para o relógio mais algumas vezes. Como um derradeiro que me fizesse entender por que o telefone toca e vocês não atendem, por que alguém grita e vocês não ouvem, por que o fim se aproxima e vocês não se movem.
Em papel passado? O mesmo nexo. Conversas. A mesma ilusão.
(Dalila Lemos)
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