segunda-feira, 17 de março de 2014

ARLETE

Me lembro de frases feitas sobre liberdade. Algo do tipo: “Deixo livre as coisas que amo. Se voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as tive”. E, de fato, essas lembranças me incomodam, pois sinto que existe uma distinção tremenda entre amor e liberdade.

O amor está na essência. A liberdade, na necessidade. 

Amor cega. Enlouquece.  Tumultua. Machuca. Causa medo, pânico, aperto no peito, dor no estômago. Tira a fome, o sono, a concentração. Tira você de si e, de si, tudo que poderia estar em você. Causa náusea, mata de ansiedade, acende e apaga, leva e traz os detalhes mais simples e complicados do mundo. Enche de ideias, enfeita de fantasias, transborda de desejo, aporrinha de loucura, esgota de dúvida e desaparece na imensidão do som daquela sua canção preferida a mil decibéis. 

Liberdade não. É simples! Está em cada um e ninguém fica buscando um sentido ou um significado para ela. Ser livre já fala por si.  E todos nós somos! A diferença está na maneira como lidamos com isso.

Há quem opte por apenas um lugar: uma sala, um quarto, um ombro ou até uma gaiola. Há quem prefira viajar, buscar novos horizontes, conhecer novos caminhos e respirar novos ares. O grande lance é que, independente da escolha por uma liberdade sem espaço ou sem limites, o amor existe.

Pessoas livres amam. Pássaros livres também. E, se fogem e não voltam, isso não tem nada a ver com amor. Significa apenas que as paredes de concreto foram quebradas. 

O amor continua ali.

(Dalila Lemos)

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