Há vinte e três anos é o que vejo: um novo ano se aproxima e tudo fica cheio. O cérebro enche de planos, a agenda lota de compromissos, as orações transbordam promessas e os pensamentos acumulam novidades. Até a academia enche!
É estranho pra mim. Não quero ser um sujeito importuno, mas prefiro analisar o que acontece ao meu redor a me trancar num quarto, cruzar os dedos e sussurrar: "ano novo, vida nova!".
Acredito no novo, pois acredito no mundo. E o mundo se transforma a todo momento! É por isso que eu não considero adequadas as mudanças planejadas só para um determinada época, mas no geral é assim.
O dia trinta e um de dezembro é dominado pela fala. Alguns dizem que vão cuidar mais do espírito, outros dizem que vão dar mais atenção ao corpo. Alguns afirmam que vão comprar mais, outros contam que vão gastar menos. Em segredo, há quem diga que vai conquistar um novo amor. Aos berros, há quem jure reconquistar um amor antigo. Assim, entre juras, confidências e afirmações, o dia se enche de palavras.
O que parece certo, torna-se questionável: afinal, até quando essas palavras são levadas a sério? Um mês. Dois. Quem sabe três! Depois disso, já não custa esperar o réveillon.
Para mim, não importa a época! É melhor que não exista data para pensar, planejar, agir, concluir. É melhor que não exista, pois o tempo não deixa de ser tempo só porque mudou o ano.
É por isso que eu ainda espero que as pessoas apostem mais em si mesmas. Espero que todos se surpreendam com os acontecimentos e façam acontecer porque tem de ser feito, não apenas pela mudança de uma nova era.
(Dalila Lemos)
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