O cigarro queimando. Alguns carros na rua. Foi tudo que eu pude escutar!
De repente, o mundo ficou em silêncio. Não sei em que proporção: nos passos brandos, na porta do bar, no vento que sopra leve às noites quentes.
Meu mundo: Quieto. Excessivo de falta. Num silêncio sem igual.
Apoveitei-me muda. Sentei-me no meio fio. Abaixei a cabeça e comecei a ter sentimentos que, há muito, não me pertenciam.
Eu deixei invisíveis aquelas coisas sem nome que costumam fazer barulho. O medo, a raiva, as suposições, a utopia e o raio que os parta! Sufoquei-as dentro de mim, enquanto apoiava a cabeça em uma de minhas mãos. Depois fechei os olhos e silenciei o movimento do ponteiro dos relógios.
Talvez tivessem passado cinco minutos; e não nove meses, como meu raciocínio se fadava a acreditar. Mas eu tive lembranças... Lotadas de ranger de porta, fechando e abrindo. Trancando. Deixando ficar.
E, de fato, ficou: um pouco de vinho tinto no fundo da taça, um pouco de música, um pouco de asfalto visto pela janela.
... Ficou um tanto quanto de mim num tanto quanto de outrem (que ficou na gaveta).
... Ficou o sorriso capturado pela transparência do vidro, um pouco de luz acesa e a coberta com cheiro de madrugada.
... Algumas marcas na parede; outras, na alma.
... O suor que se esparrama pelo cabelo, a tinta que escorre no chuveiro e um pouco de verdade – que me fez ficar em paz.
Ficar em paz, melhor remédio. Buscar contigo talvez a tecla Del para as marcas da alma, senão elas se permeiam. . .
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