Tenho observado pessoas e situações estáticas – que não vão, não são e, de vez em quando, não existem. Equanimidade para uma linguística metida e mesmice para um significado perfeito.
E sabe o porquê disso? Mudar dá medo! Sejam as mudanças necessárias, arriscadas, simples, complicadas ou radicais. Tudo que se transforma, torna-se novo... E o novo assusta.
Tem gente que espera mais de dez anos para mudar os móveis de lugar. Tem gente que não muda... O sofá, com o tempo, já deixa uma marca registrada no piso. O tapete desbota, a cômoda atrai cupins e o cenário se assemelha à disposição de elementos em um museu.
Tive uma amiga, inclusive, que além dos móveis, não mudava o cabelo. Morria de vontade de cortar, mas quando eliminava dois centímetros do comprimento já entrava em pânico. Um dia (acredito que por descrença existencial ou algo que o valha), tomou coragem e foi ao cabeleireiro: cortou, coloriu, alisou e ficou linda! A descrença existencial acabou ali.
O que quero dizer é que o medo do novo é normal. Mas nem tudo que é normal faz bem constantemente! Às vezes é essencial mudar a direção: escolher um caminho contrário, fugir da ordem habitual das coisas. Porque o lugar comum esgota, desgasta e impregna o mundo com suas velhas ideias.
Não vou tentar convencer ninguém de que é fácil. Afinal, mudanças são complexas. Algumas tiram o sono; outras desfazem laços no ciclo de amizade. Existem mudanças que, inclusive, nos aproxima do que mais tememos e nos afasta de sensações cujas quais jurávamos não conseguir viver sem. Tem mudança que enche de ansiedade e tem também a que esvazia de desejo.
Mudança de carro, caminhão. Mudança de cidade, de país, de planeta. Mudança de corpo, de mente, de astral. Mudança de idioma e de enredo de filme. Mudança de gosto. De final de ano. De começo de semana. De meio do mês. Mudança de cardápio, visão, paladar. Mudança de sentido. Mudança que faz mudar de dentro pra fora e muda a vida de fora pra dentro.
Seja qual for a sua, desde que seja! Desde que te livre da indiferença e te aproxime dos sonhos. Desde que te deixe mais próxima de si mesma e pinte um sorriso no seu rosto enquanto o sol esquenta a solidão matinal das praças.
(Dalila Lemos)
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