Atingi o pior patamar para quem busca algum tipo de evolução espiritual: o cansaço. Não digo cansaço físico, daqueles de acordar às cinco todos os dias, subir o morro com sacolas de mercado, lavar o banheiro e preparar o jantar. Me refiro ao cansaço psicológico: aquele pânico diário de perder a condução que me leva ao trabalho ou o martírio de ainda tentar acreditar na humanidade.
As coisas andam difíceis. Já não publico um texto no site há meses. Estou travada, limitada e completamente presa em coisas que têm me incomodado. E a pior parte é saber que o recurso da mudança é uma submissão (negativa como qualquer outra). Tenho que aceitar arrogância, mentiras, danos morais, promessas não cumpridas, além de conviver com a ideia de que o dinheiro move e destrói o mundo.
Sabe, não é reclamar de boca cheia. Tenho uma vida bacana: trabalho na minha área, divido minha rotina (e roupas, toalhas, papéis...) com a pessoa que amo. Faço planos. Guardo segredos. Realizo sonhos. Mas não é só isso que está incluído no universo.
Não é só isso. Têm também as empresas de telefonia móvel que prestam um serviço de péssima qualidade enquanto você paga a conta mensal com responsabilidade. Tem o gerente do banco que finge se importar com suas necessidades, mas, na realidade, envia um cartão de débito diferente do que você solicitou. Tem aquele médico que te deixa criando raízes na sala de espera para dizer, depois de uma infinidade, que não vai poder te atender. Tem a funcionária da loja de calçados que não te da atenção e ainda faz questão de emitir nota com outro nome. E ainda tem o cigarro na cachoeira, o churrasco na praia, o papel de picolé na calçada, o escarro na faixa de pedestre, o descaso das autoridades, a ineficiência do governo e milhões (EU DIGO MILHÕES) de fatores a mais.
Eu poderia dizer que está tudo bem... Mas não está! Não quero varrer a sujeira para debaixo do tapete. O que eu quero é mais cumplicidade, educação, senso, gentileza, respeito e só mais um pouquinho de responsabilidade. Eu quero ter motivos para ainda acreditar em qualquer coisa porque, se você me disser que vem em Março de 2014, esperarei até Março de 2030.
(Dalila Lemos)