sexta-feira, 8 de junho de 2012

AMOR QUE NÃO COMPENSA



Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão, constatou Vinicius de Moraes. Mas será que distante de um coração poeta-poetinha somos melhores por aceitar o que não vale a pena? Há algum tempo eu me questiono sobre isso.

O que eu vejo hoje em dia é um amor que vai muito além dos beijos, planos, perspectivas de futuro e cumplicidade dos amores descritos em poesias. Amor de hoje é conveniente e egoísta. Ama-se por andar de carro, por ter quem atenda aos interesses pessoais e até por medo de ficar só. Ama-se por beleza, por status, por dinheiro, por aparição, por conforto.

Amor de hoje é comodismo... Porque é fácil ter por ter, ser por ser, estar por estar. É viável perceber que o relacionamento não vale a pena e colocar, ao invés de um ponto final, a culpa no amor. Ou seja: é mais prático tentar se convencer que ama do que se entregar à solidão.

Aceitar um sentimento cômodo é tirar a coberta no frio e guardar o filme na gaveta. É limitar-se ao beijo sem paixão, ao sexo sem desejo, à rotina sem tempero. Amar por amar é a fórmula exata da ciência exata: não tem a graça da descoberta a dois.

Sem generalizar. Longe da realidade de quem conserva o sentimento mais puro, faz-se o verbo falso e torna-se o substantivo inútil. Amar por nada, amor em vão.

(Dalila Lemos)