segunda-feira, 28 de maio de 2012

DÚVIDAS PASSADAS

Doze anos. O professor de matemática entra na sala e questiona por que eu não levo a vida a sério. Simples: meu cérebro se preocupa com qual roupa usar no primeiro dia de aula. Fichário ou caderno? Cabelo preso ou solto? Trecho de Legião ou de Djavan? Plano a ou Plano b? Ir ao show ou viajar? Fazer brigadeiro ou estudar pra prova?

Escolhas de doze anos sempre ficam sempre na lembrança... Ter o direito de mudar de ideia, também. Trocar a roupa, abrir mão do fichário pelo caderno da amiga, prender o cabelo e soltar depois, escrever Legião e ouvir Djavan, nem a nem b: plano c, ir ao show e viajar depois, fazer brigadeiro antes de assistir filme e só estudar pra prova de recuperação.

Sinto falta daquelas dúvidas... porque dúvidas de doze anos não doem tanto! São brincadeiras entre amigas, um motivo qualquer que justifique alguma coisa. Mas todo mundo cresce e todo o mundo muda...

As decisões mudam de opcionais para necessárias. Tornam-se adversas. Nos consomem, nos machucam, nos modificam. Interferem no sono, no trabalho, no convívio social. As decisões nos limitam e nos esgotam por não termos mais doze anos.

(Dalila Lemos)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

SE


Se eu pudesse intervir, te mostraria que flores também tem espinhos. Faria você caminhar descalço pra sentir o chão de uma maneira diferente. Levaria novas viagens aos seus sonhos e personagens distintos ao seu palco.

... Escreveria números ao invés de palavras, só pra sair da rotina
... Inventaria um relógio que parasse o tempo quando você estivesse ao meu lado.
... Aprenderia a dizer o certo na hora certa e a não errar sem intenção.

Se eu pudesse intervir, não deixaria você complicar tanto a vida. Assumiria a responsabilidade do que você pensa e te faria sentir um pouco mais.

... Anotaria novos planos na sua agenda.
... Criaria doces que não engordam, só pra você comer sem culpa.
... Arrumaria motivos e não pretextos. 
... Escureceria a solidão daquelas noites em claro.

Se eu pudesse intervir, fecharia sua mão para evitar que eu escape por entre os seus dedos. Te mostraria  que decisões são necessárias a todo instante, por mais que machuquem os que estão a sua volta. Pediria pra você fechar os olhos para eu te entregar um mundo sem medo.

Talvez assim, viveríamos em paz. Talvez assim, (simplesmente) viveríamos.

 (Dalila Lemos)