segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ENTRETANTO


Falando nisso, ainda tem aquilo.
Algumas roupas no armário
Um sorriso no rosto
Pouco do muito que em mim está.

Falando naquilo, ainda tem isso.
Uma agonia no espelho
Um segundo preso no tempo
Alguma vontade perdida no ar.
Falando em nada, ainda tem tudo.
Essa cara limpa
Esse pensamento sujo
Talvez um traço sem rabiscar.

Falando em alma, ainda tem corpo
Um desejo evasivo
Um silêncio morto
A loucura que chega sem anunciar.

Falando em silêncio, ainda tem a palavra
Um grito insistente
Algum termo novo
Letras que te decifram sem você notar.

Porque já não importa
Se sou verso, se sou prosa
Mas se visto a mesma cor que você vai me pintar.

(Dalila Lemos)